Conte-nos sua história!
Compartilhe conosco as suas lembranças com o seu irmão/filho gêmeo. Nós iremos postá-las aqui no nosso mural!
Abaixo, você pode ver as histórias que já foram enviadas para nós.
Gisele Fabris Moreira
GÊMEA
Já brigamos por não sabermos quem era quem nas fotos… Eu ou Ela?
Mariana Maestripieri Okamoto
GÊMEA
Somos muito diferentes apesar de termos nascido no mesmo dia, mês e ano...
Adalton Leonel de Souza
GÊMEO
São inúmeras as nossas histórias, o mais interessante é que todos os dias temos novas. Desde criança inventávamos uma maneira de estarmos juntos e com roupas iguais. Na adolescência éramos dupla de vôlei de areia. Cursamos a mesma faculdade, fisioterapia, fizemos a mesma pós graduação, neurologia, além de vários outros cursos de aprimoramento juntos. Hoje somos sócios na nossa empresa, que ministra cursos na área da saúde, onde um dos cursos apresenta como a dualidade dos gêmeos pode ser vantajosa em qualquer área da vida: saúde, social, financeiro, profissional, lazer…
Joyce e Juliana Ramalho de Santana
GÊMEAS
Olá me chamo Joyce e vou relatar um fato que aconteceu comigo e minha irmã Juliana. Somos filhas únicas, além de gêmeas monozigóticas. Em 2013 ingressamos em uma instituição religiosa missionária, que ficava em outro estado, foi um período de descobrimento e complicado ao mesmo tempo. Em 2016, propuseram para nós duas a separação, de cidades, para cada uma ficar em uma cidade, por 4 meses. Foi um período muito difícil de solidão, e tristeza... não tínhamos tanto acesso as redes sociais então o contato era pouco... depois desse período distantes, saímos dessa instituição e seguimos juntas com nossos pais, nos encontrando a cada dia. Somos muito ligadas e amigas acima de tudo.
Camila e Isabela Fortuna
GÊMEAS
Somos gêmeas, viemos em dupla ao mundo numa tarde de inverno e jogo do Brasil. Univitelinas, mesma placenta e bolsas diferentes, muita gente nos confunde mesmo usando roupas diferentes, mas quem nos conhece sabe quem é quem pelo sorriso, pelo olhar e por uma pinta. Nascemos de 38 semanas. Isabela com 3.015 kg e 47,5 cm e Camila com 3.050 kg e 48,5 cm, três minutos depois. A barriga da mamãe parecia uma bola de basquete, deve ser por isso que gostamos tanto de esporte.
Sou Isa, tenho 10 anos, na escola gosto mais de história, geografia e matemática, gosto de ler aventuras, escutar música, vários games, brincar de lego, lutar karatê, jogar futebol, comer macarrão com alho, churrasco, pipoca e muito chocolate. Gosto do super-herói Flash e de fantasia com Harry Potter, ver séries na T.V. brincando de argila ou pintando com tinta, estar numa quadra de esporte com minha família e amigos, na natureza e comer amoras.
Sou Cacá, tenho 10 anos. Na escola gosto mais de português e história, gosto de ler os livros de Roald Dahl. Amo ir à natureza, jogar tênis e futebol com amigos e família, lutar karatê, nadar e sentir o ar refrescante. Gosto de tinta, argila, lego, jogar vídeo game, brincadeiras de criança com super-heróis, da Mulher maravilha ao Vibro, gosto muito de churrasco, filet com batata frita e sorvete de menta.
Raquel Guzzo
FILHA DE GÊMEO
Como filha de pai gêmeo univitelino, vivemos, nós todos da família (minha mãe e duas irmãs) experiências importantes, mas pouco destacadas na convivência do cotidiano. Assim, ter a oportunidade de pensar sobre o que significou ser filha de pai gêmeo, sobretudo para a pesquisa psicológica é um momento de grande satisfação.
Além, obviamente, da grande curiosidade que, ao longo da vida, a gemealidade provoca pouco se atenta à questões das relações interpessoais, das características de personalidade que se desenvolvem de modo diverso e singular apesar do corpo ser quase o mesmo em duas pessoas diferentes.
A família de meu pai é de imigrantes austríacos. Chegaram ao Brasil fugidos da Guerra e se estabeleceram em São Paulo – um casal com 13 filhos, nenhum gêmeo. Minha avó, no entanto, teve 4 filhos de três gestações – a primeira gestação uma menina ( hoje com 96 anos), a segunda com um casal de meninos ( meu pai e meu tio – gêmeos idênticos, hoje ja falecidos). E meu tio, irmão mais novo do meu pai, também teve um casal de filhos idênticos.
Nas nossas recordações algumas coisas devem ser destacadas:
1. Nossa avó era orgulhosa dos gêmeos e costumava dizer que ela mesma os confundia. Ela contava que nas poucas fotografias que eles tinham, ela não os diferenciava se não tivessem alguma marca na roupa ou na posição da foto. Importante destacar que eles dois andavam sempre vestidos igualmente. Para minha avó, a semelhança não era apenas pela aparência, mas também a voz, a risada, a postura, eram idênticas.
2. Vindos de uma família de origem simples, ela os fazia assumir a limpeza da casa, enquanto precisava trabalhar e eles contavam que faziam dessa tarefa uma diversão, sempre aproveitando juntos. Com isso, desenvolveram uma relação muito próxima. Quando pequenos dormiam juntos e tinham a mesma rotina de vida. Quando ficaram adolescente, minha avó disse a eles que eles precisariam continuar os estudos de um modo a terem uma ajuda de custo e moradia porque ela e meu avô não poderiam sustenta-los. A proposta foi – entrada no seminário católico ou no exército. Eles decidiram ir para o exército pela possibilidade de aventura que esse espaço oferecia. Assim, os dois entraram para a escola militar e foram juntos viver longe da família. Saíram de São Paulo e vieram para Campinas.
3. No exército, eles eram tão confundidos que, mesmo sendo contra o uso de barba e bigode, a eles foi autorizado o uso de um bigode – meu tio era chamado de LOBO e meu pai LOBO linha. Ingressaram na Academia de Agulhas Negras em Resende e de lá organizaram as suas vidas, tendo sempre no horizonte a vida civil.
4. Os dois praticavam todos os tipos de esporte. Eram exímios nadadores e conquistaram sempre vários campeonatos nacionais. Em todos eles havia um magnetismo de presença – sempre com o mesmo roupão – mesma cor com diferentes nomes bordados nas costas.
5. Em Resende e ao longo da vida, sempre se confrontavam com pessoas que os confundia e eles se divertiam com isso, mas logo falavam “eu sou o outro!. Todos os dias, mesmo vivendo em diferentes cidades, eles se escreviam – era um ritual. Em uma época sem internet e as atuais facilidades de comunicação, eles se escreviam – cartas chegavam e partiam todos os dias! Isso sempre me chamou a atenção – a intensidade do compartilhamento das experiências cotidianas. Nunca soubemos sobre o conteúdo das cartas. A única coisa que ele, nos compartilhava era de que, “se nasceram juntos eles morreriam também juntos, no máximo com alguns meses de diferença”. E, de fato isso aconteceu – meu pai morreu em 13 de abril de 2007 e meu tio em 23 de junho do mesmo ano! Isso nos marcou muito, pois a falta de comunicação entre eles provocou uma tristeza profunda em meu tio que o levou à morte.
6. As crianças, enquanto bebês, não estranhavam a presença do tio, desde que ele não falasse nada. E, o cachorro de casa, somente começava a latir quando chegava perto e sentia o cheiro, estranhando. Esperávamos ter filhos gêmeos, mas apesar de dez netos, em nossa família, o nascimento de gêmeos não aconteceu. O irmão mais novo do meu pai teve gêmeos meninos cuja foto também está anexada.
São muitas histórias, muitas questões que ficaram encobertas sem esclarecimentos, por exemplo, a cumplicidade, as diferenças entre eles, talentos e capacidades, emoções, tão interessantes para a Psicologia. E pouco discutidas no cotidiano.
Espero que essa história ajude a incentivar estudos, sobretudo da perspectiva psicológica, sobre como é a vida subjetiva de duas pessoas singulares mas idênticas.