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Hierarquia de figuras de apego de gêmeos e não gêmeos adultos


Sou Isabella França Ferreira, graduada em Ciências Biológicas pela UNESP e mestra em Psicologia Experimental pela USP. Atualmente sou doutoranda em Psicologia Experimental (USP) e meu tema de pesquisa é sobre o cuidado parental de mães e pais de gêmeos.

Você provavelmente já ouviu falar sobre o grande vínculo que os gêmeos compartilham entre si. Mas será que isso é verdade? Uma pesquisa desenvolvida pelo Painel USP de Gêmeos pode nos ajudar a responder essa questão. O artigo “Hierarchy of Attachment Figures Among Adult Twins and Non-twins” [Hierarquia de figuras de apego de gêmeos e não gêmeos adultos] foi publicado pela revista “Personality and Individual Differences” [Personalidade e Diferenças individuais] no ano de 2021.

“Apego” é o nome científico para o que chamamos de vínculo e costuma ser medido através de quatro características em relação a outra pessoa: o quanto você busca estar próximo dela; o quanto você fica angustiado quando se separam; se ela é seu porto seguro; e se você se sente confortável e incentivado para explorar o mundo em sua presença. A pesquisa objetivou, então, comparar quem seriam as principais figuras de apego de gêmeos idênticos, gêmeos bivitelinos e não gêmeos.

Participaram da pesquisa 132 gêmeos e 98 não gêmeos de 16 a 71 anos que responderam ao questionário de apego. Os resultados mostraram que gêmeos idênticos se consideravam mais apegados ao irmão do que os outros grupos e que gêmeos bivitelinos se consideravam mais apegados ao irmão do que os não gêmeos. Mas será que esse apego é maior do que pela mãe ou pai? Para os gêmeos idênticos da nossa amostra, o irmão e a mãe dividem o primeiro posto na hierarquia de apego, e só depois destes é que viria o pai. Já entre bivitelinos e não gêmeos o padrão é o mesmo: a mãe aparece no topo da hierarquia de apego, seguida pelo irmão e pelo pai. Interessante, né? O grande vínculo entre gêmeos idênticos pode ser explicado porque compartilham, além do mesmo ambiente, grande parte de suas características genéticas, físicas e psicológicas. No caso dos gêmeos bivitelinos, o fato de terem a mesma idade e experiências de vida desde o útero materno os tornam mais apegados do que os irmãos não gêmeos.

Esse foi um estudo pioneiro no Brasil e vai ao encontro dos achados em outras culturas. É importante ressaltar que cada gêmeo tem um relacionamento único, entretanto identificar padrões nos permite compreender melhor a dinâmica e natureza dos relacionamentos familiares. E você? Como é sua relação com seu(sua) irmão(ã)? Conta pra gente nos comentários 😉

Faço parte do Painel USP de Gêmeos há cinco anos e já participei como pesquisadora em diversas pesquisas como: apego entre gêmeos, relacionamento entre gêmeos, separação de gêmeos na escola, entre outras. Além disso, tive o grande prazer de participar em diversos encontros de gêmeos que promovemos anualmente. O Painel USP de Gêmeos é importante porque, através de suas pesquisas, visa contribuir para o bem-estar dos gêmeos e suas famílias, além de contribuir para um melhor entendimento do comportamento humano em geral. Mais do que isso, o Painel é um importante elo para que os gêmeos e familiares conheçam uns aos outros, formando uma grande rede de apoio. Sou muito grata e tenho muito orgulho de fazer parte do Painel. É aqui que estou construindo a base da minha carreira como pesquisadora e não haveria lugar melhor. Aprendo muito com a professora Emma Otta, com meus colegas do grupo e com os próprios gêmeos e seus familiares que estão sempre participando ativamente de nossas atividades e nos confiando suas incríveis histórias de vida.




Texto por: Isabella França Ferreira.

Imagem por: Beatriz Wolp e Sarah De Luca Silva.

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