Uma dupla de astronautas gêmeos monozigóticos, de 50 anos, participou de uma missão da NASA, a agência espacial dos Estados Unidos, durante um ano. Entre 2015 e 2016, Scott Kelly ficou um ano no espaço, enquanto o seu irmão gêmeo Mark Kelly ficou na terra. Idênticos por natureza (genética) e semelhantes quanto ao ambiente (ambos astronautas), de repente viram-se diante de experiências completamente diferentes durante um ano. Participar de uma missão espacial representou para um deles a exposição a muitos estressores ambientais, como confinamento, isolamento, ausência de gravidade, radiação.
Uma equipe de 82 pesquisadores, sob coordenação de Francine E. Garrett-Bakelman, foi responsável pelo monitoramento de Scott e Mark antes, durante e depois da missão espacial. Os pesquisadores publicaram as suas conclusões no artigo The NASA Twins Study: A multidimensional analysis of a year-long human spaceflight [O Estudo de Gêmeos da NASA: uma análise multidimensional de um vôo espacial humano com um ano de duração] na revista Science em 12 de abril de 2019. Os gêmeos eram idênticos, mas o corpo de um deles se tornou muito diferente do corpo do outro. Muitas das mudanças que aconteceram foram reversíveis (como o aumento do comprimento dos telômeros), mas outras aparentemente não (como o declínio em testes cognitivos: desempenho mais lento e menos preciso).
Entre os vários resultados que intrigaram os pesquisadores está o aumento do comprimento dos telômeros durante a viagem espacial. Sabe-se que os telômeros funcionam como proteção para os cromossomos. Fatores ligados ao ambiente e ao estilo de vida, como estresse e poluição, estão associados a redução dos telômeros. Curiosamente, os telômeros de Scott ficaram melhores no espaço, mas voltaram rapidamente aos níveis anteriores à viagem após o retorno à terra.
Você também pode checar a reportagem da BBC sobre esses irmãos e ler o artigo na íntegra.
Texto: Emma Otta