Paralinguagem é uma das dimensões da comunicação não-verbal humana. Refere-se aos elementos não verbais da fala, que incluem ritmo da fala (número de palavras num período de tempo específico), número de pausas, frequência fundamental (tom de voz médio), variação de tom de voz, amplitude, variabilidade da amplitude (Breil, Osterholz, Nestler & Back, 2020). A paralinguagem pode fornecer estados adicionais ao conteúdo da fala (por exemplo, relativos ao estado emocional do falante) que podem ser complementares ou contraditórios (por exemplo, sarcasmo).

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A voz tem origem na vibração das pregas vocais, localizadas na laringe, com a pressão do ar vinda do pulmão. A teoria acústica que explica a produção da fala humana baseia-se na combinação entre efeitos gerados pela “fonte” de energia sonora com efeitos gerados pelo “filtro” supralaringeal. O resultado da “filtragem da onda” é o realce ou atenuação de certas frequências acústicas, de acordo com a forma e o tamanho do trato superior. Pela similaridade anátomo-funcional encontrada em irmãos gêmeos, é plausível supor que os irmãos monozigóticos produzam sons muito semelhantes (Nolan e Oh, 1996; Locke e Mather, 1989). Mas é possível que mesmo entre irmãos gêmeos, haja um mínimo de diferenças anátomo-funcionais-desenvolvimentais que se reflitam na voz. Nossa questão é, como? Para respondê-la, o presente projeto será realizado comparando-se o nível de semelhança acústica entre irmãos monozigóticos (MZ) com irmãos dizigóticos (DZ).

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O objetivo geral do presente projeto é a obtenção de medidas da fala que permitam comparar o nível de semelhança acústica entre irmãos monozigóticos (MZ) com irmãos dizigóticos (DZ), levando em conta fatores como sexo, idade e zigosidade. Os objetivos específicos são:

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(i) gerar espectrogramas no software Raven 1.6 e tomar neles as medidas acústicas;

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(ii) calcular para cada áudio, no programa Praat (Phonetic Sciences, University of Amsterdam) medidas de formantes, F0, jitter, shimmer e razão sinal-ruído;

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(iii) gerar uma planilha para a análise estatística, que relacione as medidas acústicas tomadas no Raven (nas dimensões temporais, espectrais e de amplitude) e no Praat com o fator “zigosidade” (Mz e Dz);

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(iv) calcular a distância euclidiana entre Mz e Dz para os parâmetros acústicos;

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(v) analisar as relações entre as distâncias euclidianas e os fatores de efeito (sexo, idade e nível de zigosidade).

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No Laboratório de Etologia Humana do Departamento de Psicologia Experimental do IPUSP foram feitas gravações de voz com a ajuda de um microfone de alta qualidade. As gravações de voz foram feitas enquanto cada indivíduo dizia uma frase padrão: “Oi. Meu nome é …”. Por meio de uma parceria estabelecida com a Professora Patrícia Monticelli, coordenadora do Laboratório de Etologia e Bioacústica da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto, com a mestre Bruna Campos, e a Dra. Lilian Luchesi, bolsista de apoio técnico de apoio técnico da FAPESP estão sendo conduzidas as análises acústicas do “oi” dos 86 pares de gêmeos do nosso banco de dados (ver exemplo na Fig. 1). No programa Praat (versão 6.0.50 por Boersma & Weenink, 2019) estão sendo tomadas as seguintes medidas da fala de cada indivíduo: valores dos 4 primeiros formantes F1-F4 em HZ, valor médio da frequência dominante (“pitch”), valores “Jitter” e “Shimmer” e duração (ms) do trecho. A análise multifatorial levará em conta o sexo, a idade e zigosidade dos emissores.